DO PIONEIRISMO AO ESQUECIMENTO: AS TRANSFORMAÇÕES URBANAS DE FERNÃO VELHO, MACEIÓ-AL.

Resumen

Esta pesquisa propõe um levantamento e estudo do antigo núcleo residencial operário de Fernão Velho e daquela que ficou conhecida como “Fábrica Carmen”, verificando suas configurações espaciais, as várias tipologias de arquitetura e suas relações com diferentes conceitos de habitat e, finalmente, o processo de desmonte e a situação atual desses espaços. Aborda um período em que aconteceram as primeiras tentativas de industrialização do Estado, através da fundação de sua primeira fábrica têxtil e vila operária. A chegada da Fábrica têxtil “Companhia União Mercantil”, em 1857, favoreceu o fortalecimento da economia na região, além da grande oferta de emprego para os moradores. Sua vila operária se desenvolveu com uma arquitetura industrial próxima a que vinha acontecendo na Europa e sua implantação trouxe resultados prósperos, como a chegada da linha ferroviária e a dinamização do comércio. Porém, ao longo do tempo, a força do bairro foi afetada por crises envolvendo a indústria têxtil no Brasil, através da competitividade internacional e pela falta de renovação tecnológica. Resultou-se, então, na venda da Fábrica para vários donos, até chegar a um ponto em que foi impossível resistir. Renomeada de “Fábrica Carmen”, a partir de 1943, por seu último proprietário, encontra-se com suas atividades paralisadas desde o ano de 2010. A pesquisa baseou-se em levantamentos bibliográficos, iconográficos e audiovisuais sobre o tema abordado, além de levantamentos e sistematização de informações obtidas através das pesquisas em arquivos locais e em portais virtuais de periódicos de instituições científicas; e de visitas ao antigo núcleo operário de Fernão Velho, atualmente um bairro de Maceió, Alagoas. Todos os documentos encontrados já foram fichados e encontram-se em processo de análise para confecção de artigos científicos. Nesta primeira parte de levantamentos de campo foi registrada a íntima relação entre o processo de declínio da “Fábrica Carmen” e o cotidiano dos moradores do bairro. Já se pôde constatar o processo de esquecimento e abandono que o bairro vem sofrendo ao passo em que sua relevância econômica deixou de ser uma peça chave para administração da cidade e do Estado. Trazendo consequências sociais importantes como a falta de oportunidades de emprego para os antigos funcionários, que se alimentam da esperança de um dia serem ressarcidos pelos longos anos de contribuição para a Fábrica e para a sociedade, pela paralisação das atividades da indústria; e também o risco de desaparecimento dessa população nos próximos anos, já que muitas famílias acabam por mudar de endereço.