INTERSECCIONALIDADE DE GÊNERO E RAÇA NA EDUCAÇÃO: UM ESTUDO SOBRE O ENSINO REMOTO NO IFAL/MACEIÓ (2020-2021)

Resumo

RESUMO: A atividade educativa desenvolvida no interior das escolas foi uma das mais impactadas pela pandemia provocada pelo coronavírus, que transformou 2020 em um ano completamente atípico, sobretudo pela necessidade do isolamento social imposto como medida de preservação da saúde e da vida. A pesquisa que ora se apresenta tem como objeto analisar o ensino remoto usado como alternativa pelo Instituto Federal de Educação de Alagoas – Ifal para fazer frente aos desafios postos pela pandemia do Covid-19 nos seus cursos de Educação Básica. O estudo será feito a partir do pressuposto de que a adoção de tal alternativa foi uma escolha política e, como tal, revelou a preocupação prioritária com o cumprimento da formalidade do calendário letivo e a sofreguidão para dar continuidade à vida escolar fora da escola, de qualquer maneira, sem considerar aspectos estruturais e pedagógicos fundamentais ao processo de aprendizagem, apresentando graves implicações. O ensino remoto desperta interesses mercantilistas em relação à educação, servindo para aprofundar ainda mais a desigualdade social na medida em que não alcança a totalidade dos estudantes matriculados e, mesmo quando alcança não garante a estes a totalidade dos conteúdos a que teriam direito. É nesse aspecto, em particular, que reside uma das faces mais visíveis da desigualdade na utilização do ensino remoto: a relativização da aprendizagem, pois, nesse modelo de oferta, é muito difícil assegurar o estudo de todos os conteúdos estabelecidos na Matriz Curricular dos Projetos Pedagógicos dos Cursos. Assim engendrado, o ensino remoto se constitui um processo intrinsecamente excludente. Desse modo, esta pesquisa utilizará as categorias analíticas de gênero e raça, a partir da interseccionalidade existente entre ambas, por meio das quais pretende-se demonstrar que na condição de mulheres e negras, as alunas do Ifal/Maceió sofreram com mais severidade os impactos da pandemia. Para tanto, o objetivo geral da pesquisa é analisar a utilização do ensino remoto na Educação Básica do Ifal/Maceió nos anos 2020/2021 e os seus impactos na aprendizagem de alunas negras, considerando a multidimensionalidade do processo educativo a partir do reconhecimento da educação como direito humano de todos/as sob a perspectiva emancipatória e libertária. A metodologia utilizada será bibliográfica, documental e de campo, respectivamente. A primeira proverá a pesquisa dos referenciais teóricos essenciais, com vistas a compreender o papel da educação como fenômeno social politicamente determinado. A segunda dotará a pesquisa da instrumentalidade necessária tendo como subsídio os documentos norteadores do processo de implementação do ensino remoto em nível nacional e institucional (Leis, Decretos, Instruções Normativas, Resoluções, Portarias) bem como os Projetos Pedagógicos dos Cursos objetos deste estudo. A terceira tratará de registrar a percepção das alunas negras, vislumbrando conhecer os impactos produzidos durante o processo didático-pedagógico na aprendizagem e na vida delas durante o processo do ensino remoto. A fundamentação teórica da pesquisa terá a contribuição dos autores: