SINTOMAS DE DEPRESSÃO E ANSIEDADE EM HOMENS E MULHERES PRIVADOS DE LIBERDADE EXPOSTOS AO ABUSO SEXUAL NA INFÂNCIA
Palavras-chave:
abuso sexual na infância, transtornos mentais, pessoas privadas de liberdade.Resumo
Introdução: Experiências adversas durante a infância, como o abuso sexual, são consideradas um grave problema de saúde pública no mundo, por implicarem negativamente na vida da vítima (HAAHR-PEDERSEN, et al., 2020). Vários estudos relatam a inter-relação do histórico de abuso, encarceramento e transtornos mentais (SÁNCHEZ et al., 2017; JONESA et al., 2020; KARLSSON; ZIELINSK, 2020). Frente à interligação de fatores, indivíduos privados de liberdade apresentam maiores prevalências de histórico de abuso sexual, depressão e ansiedade quando comparados a população em geral (GOTTFRIED; CHRISTOPHER, 2017). Objetivo:Identificar sintomas de depressão e ansiedade em homens e mulheres, privados de liberdade, vítimas de abuso sexual na infância. Metodologia: Estudo do tipo quantitativo, descritivo, com corte transversal. A coleta de dados ocorreu entre novembro de 2018 a fevereiro de 2020. Foram entrevistadas 128 pessoas privadas de liberdade no Sistema Prisional de Alagoas, utilizando o Inventário de Beck Depressão; Inventário de Beck Ansiedade, ISPCAN Child Abuse Screening Tools RetrospectiveVersion (ICAST-R) e o Formulário Sociodemográfico.O tratamento estatístico dos dados foi realizado através de análise descritiva. O projeto encontra-se associado a dois estudos aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Tiradentes sob os pareceres 2.620.823 e 3.282.326. Este trabalho está inserido no Programa de Iniciação Científica do Centro Universitário Tiradentes.Resultados: Homens e mulheres que sofreram abuso sexual na infância apresentaram maiores medianas dos scores de depressão e ansiedade. Entre os sintomas depressivos mais prevalentes no sexo feminino, encontram-se: sensação de punição (81,2%), choro (80,5%), irritabilidade (75,3%), insônia (75,3%), sensação de inferioridade (72,7%); e de ansiedade foram: sentir-se nervosa (84,4%), medo que aconteça o pior (79,2), sensação de calor (68,9%), indigestão ou desconforto no abdome (67,5%), palpitação ou aceleração do coração (66,2%).Nos homens, os principais sintomas depressivos foram: sensação de punição (68,6%), irritabilidade (66,7%), preocupação excessiva quanto à saúde (54,9%), sensação de inferioridade (52,9%), choro (46,0%); e os de ansiedade: medo que aconteça o pior (37.2%), medo de perder o controle (33,3%), dormência (29,4%), incapacidade de relaxar (27,5%), nervosismo (27,5). Conclusão: Os escores gerais de depressão e ansiedade relacionados ao abuso sexual na infância entre a população privada de liberdade foram maiores entre as pessoas que experienciaram abuso sexual, e entre as mulheres esses escores foram mais elevados. Os resultados demonstram a importância da triagem para depressão e ansiedade no sistema prisional, a fim de identificar pessoas com maior vulnerabilidade e intervir precocemente.
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Referências
GOTTFRIED, E. D.; CHRISTOPHER, S. C. Mental Disorders Among Criminal Offenders. Journal of Correctional Health Care, v. 23, n. 3, p. 336–346, jul. 2017. Disponívelemhttps://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/1078345817716180#articleCitationDownloadContainer. Acesso em: 07 dez. 2020.
HAAHR-PEDERSEN, I. et al. Females have more complex patterns of childhood adversity: implications for mental, social, and emotional outcomes in adulthood. European journal of psychotraumatology, [s.l.], v.11, n.1, p. 01-12, jan. 2020.Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6968572/. Acesso em: 21 out. 2020.
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