IMPACTOS DA PANDEMIA DO COVID-19 NO AGRAVO DO TRANSTORNO DO PÂNICO
Palavras-chave:
Transtorno de Pânico, pandemia, COVID-19.Resumo
Introdução: O Transtorno de Pânico (TP) é caracterizado por ataques de pânico repetidos, geralmente acompanhados por ansiedade antecipatória, medo de perder o controle e mudanças comportamentais. Do ponto de vista fisiopatológico, as estruturas do tronco cerebral associadas ao TP incluem a substância cinzenta periaquedutal, que atua como um sistema de alarme de sufocação central, e o núcleo parabraquial, que está conectado à rede do medo pela amígdala e controla o sistema respiratório. Além disso, estudos de imagem identificaram o hipocampo, o córtex pré-frontal mediano, a amígdala e suas projeções no tronco cerebral, como uma rede central anormalmente sensível no TP. Devido à pandemia da COVID-19, nossas mentes foram condicionadas a associar sintomas como falta de ar, sensação de asfixia ou sufocamento, dor ou desconforto no peito e medo de morrer a uma forma bastante grave da doença, e embora esses sintomas possam indicar um caso de COVID-19, eles também são comuns nos ataques do Transtorno do Pânico. Os reflexos psicológicos da atual pandemia de SARS-CoV-2 foi amplamente reconhecido e pode ser relacionado com os transtornos de ansiedade, em específico o transtorno de pânico, que essa situação pode gerar ou agravar. Objetivo: Analisar os impactos da pandemia no agravo do Transtorno do Pânico. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura, na qual realizaram-se buscas online de artigos na base de dados científica PUBMED utilizando como descritores “Panic Disorder”; “COVID-19”; “SARS-CoV-2”, com o operador booleano “AND”. Destas foram encontrados 69 artigos publicados, com filtro de 5 anos, dos quais 29 foram excluídos por título, 18 por resumo e 11 após leitura do texto completo, por não possuírem relação direta com o tema abordado. Resultados: Vários estudos encontraram anormalidades respiratórias subclínicas em pacientes com Transtorno do Pânico infectados pelo SARS-CoV-2 e relataram que pacientes com distúrbios respiratórios ou reações intensas de medo são mais propensos a desenvolver TP. O TP descrito como respiratório pôde ser visto aumentando em número e/ou se intensificando nos pacientes que já o apresentam. Nos pacientes infectados, a dispneia pode induzir o medo de sufocamento e a antecipação de uma piora dos sintomas. Isso pode aumentar a resposta de medo, alarmes falsos e exacerbar a vigilância em relação aos sintomas respiratórios. Já nos não infectados, a hipervigilância em relação aos sintomas respiratórios e o medo de asfixia também podem estar envolvidos no início ou no agravamento do TP. Foi encontrado na literatura um relato de caso de um paciente que desenvolveu TP devido à pandemia, em que o fator precipitante para a doença foi ouvir repetidamente notícias sobre o surto de coronavírus. Conclusão: Dada a relação entre respostas fisiológicas do medo e as anormalidades respiratórias no TP, sugere-se que a atual pandemia de COVID-19 pode levar a um aumento de casos de ataques de pânico e de Transtorno do Pânico.Downloads
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