ASSASSINATO MASCARADO COMO SUICÍDIO: ANATOMIA E ESTATÍSTICA JUNTAS PARA DESVENDAR CASOS DE MORTE POR ASFIXIA DE ETIOLOGIA DUVIDOSA
Palavras-chave:
Anatomia, Asfixia, Cauda da MorteResumo
INTRODUÇÃO: As asfixias por constrição do pescoço representam um dos tópicos mais complexos e controversos das ciências forenses, em especial quando resultam em óbito, pois os mecanismos de morte são variados e os achados periciais são muitas vezes inespecíficos tanto para o médico quanto para o jurista. Outrossim, à luz do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), Alagoas registrou 92 casos de morte por enforcamento, estrangulamento e esganadura (CID X70 e Y20) em 2019, o que denota a importância da investigação desse tipo de morte. Não obstante, natureza jurídica das mortes que envolvem a constrição do pescoço é motivo de angústia quando não se pode definir entre a etiologia homicida, acidental ou suicida. OBJETIVO: Assim, o presente trabalho visou a revisar a incidência dos achados macroscópicos anatômicos do pescoço de vítimas de morte por constrição cervical de diferentes etiologias. MÉTODO: Fez-se uma revisão bibliográfica narrativa de artigos científicos nas bases de dados PubMed e SciELO. RESULTADOS: A anatomia das estruturas é relevante para investigar a causa da morte. No enforcamento suicida, uma revisão indicou que 76.6% dos casos não apresentaram quaisquer fraturas das estruturas do pescoço. As estruturas do pescoço mais comumente lesadas são o osso hioide, a cartilagem tireóidea e os músculos cervicais. Em um estudo que analisou 239 enforcamentos, a cartilagem cricoide estava intacta em todos os enforcamentos suicidas e acidentais, mas não nos homicidas. Ao realizar testes, constatou-se que a força média para fraturar a cartilagem cricoide foi de 18,8kg, enquanto uma força de 14,3kg foi suficiente para fraturar a cartilagem da tireoide. Recente meta-análise sobre fraturas do osso hioide em constrição do pescoço denotou uma maior prevalência de fratura de hioide em estrangulamentos (75% dos casos analisados, quando houve fratura). Um estudo indiano sobre danos às estruturas do pescoço em casos de enforcamento suicida relatou fratura de osso hioide em 21% dos casos, fratura da cartilagem tireoide em 17% dos casos e ferimentos ao músculo esternocleidomastoideo em 42% dos casos. Além disso, sinais clássicos da morte agônica por asfixia como a cianose, a equimose retrofaríngea de Brouardel, as petéquias conjuntivais, as Manchas de Tardieu e os sangramentos de Simon são mais frequentes nas mortes por homicídio. CONCLUSÃO: A presença de sinais agônicos, fratura da cartilagem cricoide, bem como de lesões de defesa e luta são sinais que podem indicar morte de etiologia duvidosa. Logo, a anatomia, junto da estatística, ajuda a Perícia Médico-legal no desvendar de casos cuja solução traga dúvidas, por meio da análise estatística os achados macroscópicos à necrópsia.
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Referências
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