ASSASSINATO MASCARADO COMO SUICÍDIO: ANATOMIA E ESTATÍSTICA JUNTAS PARA DESVENDAR CASOS DE MORTE POR ASFIXIA DE ETIOLOGIA DUVIDOSA

Autores

  • Gabriel Lessa de Souza Maia UNIT-AL
  • Pedro Henrique do Nascimento Silva UFAL

Palavras-chave:

Anatomia, Asfixia, Cauda da Morte

Resumo

 INTRODUÇÃO: As asfixias por constrição do pescoço representam um dos tópicos mais complexos e controversos das ciências forenses, em especial quando resultam em óbito, pois os mecanismos de morte são variados e os achados periciais são muitas vezes inespecíficos tanto para o médico quanto para o jurista. Outrossim, à luz do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), Alagoas registrou 92 casos de morte por enforcamento, estrangulamento e esganadura (CID X70 e Y20) em 2019, o que denota a importância da investigação desse tipo de morte. Não obstante, natureza jurídica das mortes que envolvem a constrição do pescoço é motivo de angústia quando não se pode definir entre a etiologia homicida, acidental ou suicida. OBJETIVO: Assim, o presente trabalho visou a revisar a incidência dos achados macroscópicos anatômicos do pescoço de vítimas de morte por constrição cervical de diferentes etiologias. MÉTODO: Fez-se uma revisão bibliográfica narrativa de artigos científicos nas bases de dados PubMed e SciELO. RESULTADOS: A anatomia das estruturas é relevante para investigar a causa da morte. No enforcamento suicida, uma revisão indicou que 76.6% dos casos não apresentaram quaisquer fraturas das estruturas do pescoço. As estruturas do pescoço mais comumente lesadas são o osso hioide, a cartilagem tireóidea e os músculos cervicais. Em um estudo que analisou 239 enforcamentos, a cartilagem cricoide estava intacta em todos os enforcamentos suicidas e acidentais, mas não nos homicidas. Ao realizar testes, constatou-se que a força média para fraturar a cartilagem cricoide foi de 18,8kg, enquanto uma força de 14,3kg foi suficiente para fraturar a cartilagem da tireoide. Recente meta-análise sobre fraturas do osso hioide em constrição do pescoço denotou uma maior prevalência de fratura de hioide em estrangulamentos (75% dos casos analisados, quando houve fratura). Um estudo indiano sobre danos às estruturas do pescoço em casos de enforcamento suicida relatou fratura de osso hioide em 21% dos casos, fratura da cartilagem tireoide em 17% dos casos e ferimentos ao músculo esternocleidomastoideo em 42% dos casos. Além disso, sinais clássicos da morte agônica por asfixia como a cianose, a equimose retrofaríngea de Brouardel, as petéquias conjuntivais, as Manchas de Tardieu e os sangramentos de Simon são mais frequentes nas mortes por homicídio. CONCLUSÃO: A presença de sinais agônicos, fratura da cartilagem cricoide, bem como de lesões de defesa e luta são sinais que podem indicar morte de etiologia duvidosa. Logo, a anatomia, junto da estatística, ajuda a Perícia Médico-legal no desvendar de casos cuja solução traga dúvidas, por meio da análise estatística os achados macroscópicos à necrópsia.

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Referências

ALI, Muhammad Ashraf, et al. Hyoid Bone Fracture in Neck Strangulation – Five Years Meta-Analysis at Tertiary Care Hospital. APMC. 2018

CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2012.

MAIA, Gabriel Lessa de Souza. NASCIMENTO, Mônica Melo Gomes do. PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO SUICIDA EM ALAGOAS: 2008-2018. Disponível em: https://eventos.set.edu.br/al_sempesq/article/view/13693

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SHARMA, B. R., et al. Injuries to neck structures in deaths due to constriction of neck, with a special reference to hanging. Journal of Forensic and Legal Medicine, 2008.

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Publicado

2021-11-12

Como Citar

Maia, G. L. de S., & do Nascimento Silva, P. H. (2021). ASSASSINATO MASCARADO COMO SUICÍDIO: ANATOMIA E ESTATÍSTICA JUNTAS PARA DESVENDAR CASOS DE MORTE POR ASFIXIA DE ETIOLOGIA DUVIDOSA. SEMPESq - Semana De Pesquisa Da Unit - Alagoas, (9). Recuperado de https://eventosgrupotiradentes.emnuvens.com.br/al_sempesq/article/view/14970

Edição

Seção

Seminários de Temas Livres - Ciências da Saúde e Biológicas