Atividade Social e o Ensino de Língua Inglesa: desafios na era da cibercultura
Palavras-chave:
Palavras-chave, Atividade Social, ensino, língua inglesa, desafios.Resumo
Há décadas temos testemunhado uma busca incessante por algum tipo de aparato tecnológico para mediar, facilitar ou até mesmo aprimorar nossos fazeres diários e a construção de saberes nas esferas profissional, educacional ou pessoal. Traço marcante da sociedade contemporânea, a conectividade em tempo real traz para a escola desafios e dilemas ainda mais profundos e que potencializam, cada vez mais, as lacunas já existentes no sistema educacional. Sincronicamente, a celeridade no surgimento e desenvolvimento de novas tecnologias digitais têm ocasionado profundas mudanças na forma como as pessoas compreendem as dinâmicas advindas desse contexto, e modificam seus comportamentos - face ao uso da rede de computadores e dispositivos móveis - e como aponta Lemos (2010, p.22), alteram seus hábitos sociais, práticas de consumo cultural, produzem e distribuem informação, estabelecem novas relações de trabalho e lazer, fazem suas escolhas políticas e pessoais, e interagem não só entre si, mas com esse universo hiperconectado. Isso suscita questionamentos constantes, de diversas naturezas, no que tange a quem somos nós e de quais competências, habilidades pessoais, educacionais e profissionais necessitamos para compor o cenário posto. Transportando tais indagações, sobretudo, para a esfera educacional, não é incomum, entre profissionais da área e principalmente egressos da escola pública, ouvirmos que é factível a existência de um descompasso entre a Escola - instituição de produção, construção e transmissão de saber - e as demandas geradas por uma sociedade que, desde o advento da internet, sofre frenéticas transmutações nas suas dinâmicas. Aliado a isso, temos como pano de fundo o processo de globalização que gera em seu bojo a necessidade, nos âmbitos comunicacional e relacional, de se aprender outras línguas, e, por conseguinte, entrarmos em contato com outras culturas e formas de construção de saberes. Kumaravadivelu (2006) assevera que “em um desenvolvimento sem precedentes na história humana, a internet tornou-se uma fonte singular que imediatamente conecta milhões de indivíduos com outros” (KUMARAVADIVELU, 2006, p. 131) e para, além disso, constrói um tecido sociocultural muito imbricado que revela relações de poder e exclusão. Não obstante essa constatação, a globalização traz impactos incontestáveis para a vida que vivemos tanto dentro quanto fora dos muros escolares: para alunos (aprendendo), e professores (lecionando) aos quais cabe atentar para as multifacetas que esse fenômeno oferece, principalmente, no que tange à pluralidade cultural, construção e apropriação de saberes e o estabelecimento de novas recomposições identitárias aí engendradas. E não só isso, uma vez que requer de nós assumirmos a grande responsabilidade de prepararmos esse aluno numa perspectiva crítica. Nessa acepção, Kumaravadivelu (2006) sinaliza para uma mudança, em uma dimensão macro, da Linguística Aplicada para que consigamos ter um olhar assertivo acerca dos papéis: da língua inglesa, do professor, do aluno e das relações de poder que subjazem os processos de ensino e aprendizagem no contexto atual da globalização. Ele afirma ainda que “a língua da globalização – claro, o inglês – está no centro da LA contemporânea.” (KUMARAVADIVELU, 2006, p. 131); o que não quer dizer que devamos nos comportar como meros assimiladores de outras culturas, mas interlocutores culturais para os quais se abre uma gama de possibilidades de interação e aprendizagem. Refletindo criticamente as conversões da conectividade, Santaella (2013) advoga que a evolução ininterrupta das tecnologias de linguagem interfere nas nossas percepções e ações, ao passo em que nos permite avaliar as transformações socioculturais e psíquicas, as quais a humanidade vem enfrentando. Para a autora estamos continuamente conectados, e essa conexão pressupõe pessoas e tecnologias em mudança constante, o que resvala diretamente na forma como acontecem os processos relacionados aos atos de ensinar e aprender no contexto atual, acarretando muitos desafios para a educação em todas as suas modalidades. Corroborando com os diversos estudos da contemporaneidade voltados para o ensino de língua inglesa, partimos da prerrogativa de que educar no século XXI requer transpor barreiras e traçar novas estratégias de ensino e aprendizagem, além de incorporar à nossa prática toda uma sucessão de saberes gerados a partir daí, com vistas a contemplar os desafios que as novas tecnologias da informação têm nos propiciado. Nesse toar, há uma série de aspectos que nós educadores devemos levar em consideração para realizarmos uma tessitura mais acurada dos fatos e estabelecer uma análise crítica daqueles aspectos que envolvem o papel da escola, a nossa formação, nossa agência docente, assim como a formação do aluno/cidadão. É necessário atentarmos para aquilo que orientam os marcos regulatórios no que concerne ao ensino de línguas estrangeiras - mormente aqueles para o ensino médio -, porquanto eles convergem para o entendimento de ensino de línguas cujas concepções são pautadas nos novos conceitos de letramentos heterogêneos e múltiplos com o intuito de formar aprendizes autônomos, capazes de “compartilhar, recriar, recontextualizar e transformar, e não de reproduzir conhecimentos estanques.”, consoante preconizam as OCEM (BRASIL, 2006, p.108). Dessa maneira, as OCEM (2006) conferem ao ensino e, por conseguinte, à aprendizagem de línguas estrangeiras novas dimensões de cunho social, cultural e político, que devem compor a atuação pedagógica dos professores de línguas no sentido de preparar o aluno para lidar com “um futuro desconhecido, para agir em situações novas, imprevisíveis e incertas.” (BRASIL, 2006, p. 109). Esse contexto, por si só, gerou inquietação e curiosidade pessoal no sentido de construir uma compreensão que vislumbrasse apontar: de que forma a minha prática de sala de aula tem vinculado a aprendizagem de língua inglesa à “vida que se vive” para além dos muros escolares? Como atender às demandas sociais e ao mesmo tempo formar cidadãos reflexivos, críticos e autônomos? O aluno, após ser exposto à língua, teria suas habilidades comunicativas desenvolvidas de forma a garantir sua emancipação linguística e social? Meu fazer pedagógico está articulado àquilo que os documentos oficiais preconizam para o ensino de língua inglesa? Os aportes teóricos com os quais dialogo na minha agência didática são respaldados nas bases conceituais da Atividade Social e da “vida que se vive” (MARX e ENGELS, 2006); o quadro teórico delineado parte da Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural com as contribuições teóricas de (VYGOTSKY, 2001; LEONTIEV, 1977; ENGERSTRÖM, 1999; HOLZMAN, 2002); passando pelas Atividades Sociais em aulas de línguas estrangeiras (LIBERALI, 2009 e 2012) e dos letramentos digitais (LANKSHEAR e KNOBEL, 2015); a Pesquisa Crítica de Colaboração de Magalhães (2006), à luz das contribuições teóricas da Pesquisa Docente de Freeman (1998). É mister conhecer as práticas sociais que permeiam as interações sociais dos alunos envolvidos nas práticas e interações de sala de aula tomando como base que “anseios de participação social têm”, (LIBERALI, 2009, p.23) para nortear a preparação das aulas, a escolha dos elementos linguísticos e itens que comporão o escopo das unidades didáticas. Novas formas de ensinar precisam emergir, e como Rodrigues (2012) propõe “que os conhecimentos cotidianos dos alunos contribuam na construção de novos conhecimentos durante o seu processo de aprendizagem [...]”, e para, além disso, que o aluno estabeleça laços entre os conteúdos escolares e as representações das vivências dele em sociedade. Mas dentro do contexto escolar atual, que inglês resta para esse aluno aprender? Nesse pesar, iremos tecer uma análise dos desafios para atender às demandas da contemporaneidade e como o trabalho com a Atividade Social – adotando uma perspectiva comunicacional - em língua inglesa pode promover a ampliação do repertório sociocultural do aluno, estabelecer conexões entre ele, o seu cotidiano, as oportunidades futuras e as experiências escolares que passarão a compor o que irá delinear o seu itinerário formativo.Downloads
Referências
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