EFEITOS DE 12 SEMANAS DE TREINAMENTO FUNCIONAL VERSUS TRADICIONAL SOBRE A COGNIÇÃO E QUALIDADE DE VIDA DE IDOSAS FISICAMENTE ATIVAS
Palavras-chave:
envelhecimento, saúde, exercício, autonomia pessoal, saúde mental.Resumo
INTRODUÇÃO: O exercício físico vem sendo utilizado como terapêutica não medicamentosa para atenuar os efeitos deletérios do envelhecimento. Dentre as implicações decorrentes da senescência está o declínio da função cognitiva, muitas vezes atrelada a diminuição da qualidade de vida do idoso, devido à perda de autonomia e independência. Todavia, não está claro qual o método de treinamento mais eficaz para incremento da cognição e qualidade de vida da população senil. OBJETIVO: Avaliar e comparar os efeitos de 12 semanas de treinamento funcional e treinamento tradicional sobre a função cognitiva e qualidade de vida de idosas fisicamente ativas. MÉTODOS: Trinta e sete idosas foram randomicamente alocadas para dois grupos: 1) treinamento funcional (TF; n=21); e 2) treinamento tradicional (TT; n=16). A sessão de treinamento de ambos os grupos foi dividida em quatro blocos: 1º-preparação para o movimento, com exercícios de mobilidade e ativação muscular; 2º TF-circuito voltado para potência, agilidade e coordenação, já TT-15 min de atividade aeróbia continua; 3º TF-padrões funcionais em exercícios similares às AVD’s e TT-padrões funcionais em máquinas; e 4º-atividades cardiometabólicas de caráter intermitente. Assim, o primeiro e o último blocos eram gerais, realizados pelos dois grupos em conjunto. Para avaliação da função cognitiva foi aplicado o mini exame de estado mental (MEEM). A qualidade de vida foi obtida através do WHOQOL-bref. Os dados são expostos com média, desvio padrão e percentual de mudança. Uma ANOVA (2x2) foi utilizada para comparação das medias e a significância adotada foi p<0,05. RESULTADOS: Não foram observadas diferenças entre os grupos com relação à cognição (p>0,05) e à qualidade de vida (p>0,05). Ao verificar o efeito de cada intervenção ao longo do tempo, observamos comportamentos semelhantes entre o TF (pré: 26,6±3,4 vs. pós: 27,2±2,4; ∆ 2,25%; p>0,05) e o TT (pré: 25,9±3,7 vs. pós: 26,8±2,7; ∆ 3,47%; p>0,05) no MEEM, no qual ambos obtiveram resultados semelhantes. Já ao avaliar a qualidade de vida, somente o TF (pré: 97,6 ± 13,8 vs. pós: 104,1±14,0; ∆ 6,65%; p = 0,03) apresentou melhora estatisticamente significativa ao longo do tempo, enquanto o TT (pré: 102,9±10,4 vs. pós 106,6±14,2; ∆3,59%; p>0,05) não apresentou modificações. CONCLUSÃO: Ambos protocolos se mostram eficientes na manutenção da função cognitiva. Entretanto, no que diz respeito à qualidade de vida somente o TF parece promover melhoras significativas. Portanto, visando melhorar a cognição e qualidade de vida da população idosa, é interessante priorizar o treinamento funcional, todavia este achado não elimina a possibilidade de utilização do treinamento tradicional para outras finalidades na população idosa.Downloads
Referências
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